aqui chove, e eu sem muito prá falar. pelo menos verbalmente, porque a cabeça e o coração, estão, como sempre, transbordando. cenas e cores e idéias. tantas idéias que não cabem numa única encarnação.

sei que ando trabalhando bastante, às vezes até tarde, o que me deixa um verdadeiro bagaço no dia seguinte. eu preciso dormir bem prá ser feliz e produtiva no dia seguinte. e principalmente para segurar a onda de ter uma toddler hiperativa em casa. porque a pequena, senhores, é um mini terremoto de 9 graus na escala Richter. engraçado ter saído tão diferente dos pais. eu e meu marido somos bem calminhos (pelo menos por fora) e introspectivos. há dias em que sinto a necessidade absoluta de uma babá, mas enquanto não tenho deadlines com um bom dinheirinho envolvido, não acho que vá valer a pena procurar uma.

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não contei que o espírito da Britney Spears baixou em mim há duas semanas atrás e resolvi passar a tesoura no cabelo myself. nem precisa dizer que foi uma catástrofe. sorte que a moça do salão conseguiu fazer um milagre e restituir a integridade da minha pobre cabeleira. ficou um defeitinho do lado esquerdo, atrás da orelha, mas nada sério. esses impulsos precisam ser contidos.

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também tive que trocar os óculos. mas ainda não tenho certeza se a mudança de grau foi a ideal, ou se estou com problemas com certos tipos de luminosidade, pois às vezes, quando desenho, tenho a impressão de estar vendo tudo meio fora de foco. ainda não sei. sempre que preciso trocar os óculos, é o mesmo drama há anos. os médicos nunca acertam comigo de cara, e lá vou eu refazer os óculos novinhos. um saco. e eu sinceramente acho que, aos 37 anos, preciso mesmo é de bifocais.

os óculos novos.

ao que tudo indica, o mais novo grande desafio da minha vida é fazer minha filha largar a mamadeira.

com quase 1 ano e meio de idade, ela ainda é apegadíssima às ditas cujas como qualquer bebezinho. mamadeira acalma, pára as crises de pirraça, faz dormir. muito conveniente para as mães exaustas, como eu. confesso que estava esperando a natureza agir e, com o fim da fase oral, ela simplesmente cansar das garrafinhas. mas o médico recomendou acabar com o hábito já - mamadeira faz muito mal aos dentes, e quanto mais tempo se persiste no hábito, mais difícil é abandoná-lo. tudo indica que esse será o primeiro grande trauma da vida dela. e eu, como toda mãe, embora saiba que lidar com frustrações desde cedo é importantíssimo, gostaria de tornar essa transição a mais suave possível . minha estratégia é ir tirando, gradualmente, cada uma das mamadeiras do dia, começando pelas emocionalmente menos importantes até as mais dramáticas (como a de antes de dormir...). alguma dica?

recebi hoje por email, de pessoa sábia e super cute. eu adoro o Gibran, e concordo com cada vírgula desse texto. compartilho, pois.

DO TRABALHO

Depois, um operário pediu-lhe: Fala-nos do trabalho.
E ele respondeu:
Vós trabalhais para acompanhar o ritmo da terra e da alma da terra.
Pois estar ocioso é tornar-se estranho às estações e sair da procissão da vida que caminha com majestade e orgulhosa submissão, rumo ao infinito.

Quando trabalhais, sois como uma flauta, e no coração dessa flauta o murmúrio das horas transforma-se em música.
Quem de entre vós quereria ser uma cana muda e silenciosa, quando tudo ao redor canta em uníssono?
Sempre vos foi dito que o trabalho é uma maldição e o labor um infortúnio.
Mas eu vos digo que, ao trabalhar, acumulais um fragmento do sonho último da terra que vos foi atribuído quando esse sonho nasceu,
e é quando vos ligais ao trabalho que verdadeiramente amais a vida.
Amar a vida pelo trabalho é ter intimidade com o segredo mais íntimo da vida.

Mas se, na vossa dor, chamais aflição ao nascimento e à manutenção da carne uma maldição gravada sobre a vossa fronte, então respondo-vos que só o suor da vossa testa apagará o que aí estiver escrito.

Também vos foi dito que a vida são trevas e na vossa fadiga vos fazeis eco de tudo o que os cansados vos disseram.
E eu digo que sem movimento a vida é, com efeito, trevas
e que todo o movimento é cego sem o saber,
e que sem trabalho todo o saber é vão,
e que sem amor todo o trabalho é vazio,
e que, quando trabalhais com amor, vos ligais a vós mesmos, uns aos outros e a Deus.

E que significa trabalhar com amor?
É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se o vosso bem-amado se fosse enfeitar.
É construir uma casa com carinho, como se o vosso
bem-amado nela fosse habitar.
É semear com ternura os grãos e recolher a colheita com alegria, como se o vosso bem-amado lhe comesse o fruto.
É deixar em tudo quanto fazeis um sopro da vossa própria alma,
e saber que todos os mortos bem-aventurados estão à vossa volta a contemplar-vos.

Muitas vezes ouvi-vos dizer como que num sono: «O que trabalha o mármore e encontra na pedra forma da sua alma, é mais nobre que aquele que trabalha a terra.
« E o que pega no arco-íris e o estende na tela à imagem do homem é superior àquele que faz as sandálias para os nossos pés.»
Ora, em verdade vos digo, não a dormir, mas em plena vigília do meio-dia, que o vento não fala cor mais ternura aos carvalhos gigantes do que ao mais humilde rebento de erva;
e só é grande aquele que converte o rugir do vento num cântico que o seu próprio amor tornou mal suave.

O trabalho é o amor tornado visível.
E se não podeis trabalhar com amor, mas com tédio, melhor seria renunciar ao vosso trabalho, sentar-vos à porta do templo e solicitar a esmola daqueles que trabalham com alegria.
Pois se, com indiferença, fazeis o pão, o vosso pão será amargo e saciará apenas metade da fome do homem.
E se, a contragosto, esmagardes as uvas, a vossa aversão destilará veneno sobre o vinho.
E se cantais como cantam os anjos, mas sem amar o cântico, ensurdecereis os ouvidos dos homens às vozes do dia e às vozes da noite.

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os americanos não comemoram o dia do trabalho no primeiro de maio, como todo mundo. aqui é em setembro - chamado Labor Day. anti-comunista? que nada...

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