ela nasceu a pouco mais de um mês atrás, um dia antes do Thanksgiving Day. e eu ando sumida porque ainda estou ajeitando a minha vida, que se tornou um mundo. sagitarianíssima, de sol, lua e ascendente (será que eu aguento tanta energia?). linda, linda, mãos expressivas, uns olhos de encantar. às vezes nem acredito que ela seja minha, que tenha vindo de dentro de mim.

volto assim que tiver um tempinho.


dia 23 próximo comemora-se, aqui nos EUA, o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day). é um dia de confraternização, onde as pessoas costumam reunir-se em família, geralmente em torno de um jantar onde o peru é prato principal. como o próprio nome diz, é uma data de agradecimento a Deus pelas boas coisas recebidas durante o ano. acho a data linda, singela, e é uma pena que não tenhamos também no Brasil um dia especial de agradecer.

meu primeiro Thanksgiving foi ano passado, eu ainda engatinhando no meu processo de adaptação aos costumes norte-americanos. mas a partir desse ano, a data passa a ser incorporada de vez ao meu calendário pessoal: é que minha filha vai nascer mais ou menos nessa época. tá pertíssimo, e naturalmente já estou aqui inundada de ansiedade. um fato curioso é a sincronicidade envolvendo esse acontecimento: primeiro tem o nome que escolhemos para ela - Isobel, versão escocesa de Isabel, que significa "consagrada à Deus". segundo, tem o signo: muito provavelmente Isobel nascerá sob sol ou lua sagitarianas, signo ligado às coisas religiosas, regido por Júpiter, o pai dos deuses. claro que não tínhamos idéia de nada disso, foi pura coicidência mesmo. ou melhor, pura sincronicidade.

terei sem dúvida muito a agradecer nesse Thanksgiving.

na verdade, eu sempre fui mais de agradecer do que de pedir. e desde muito tempo aprendi a reconhecer o quanto tenho prá agradecer, apesar da vida estar sempre precisando de remendos (e qual vida não precisa...), e que eu sou às vezes uma baita egoísta por ainda me angustiar com coisas pequenas. houve uma época em que estive bastante envolvida com trabalhos de assistência à gente necessitada. um contato direto e rico com a privação do mínimo, que me ajudou ainda mais a ter uma perpectiva de que todos temos, sempre, todos os dias, motivos para agradecer.

e que fique claro: dar graças à tudo não significa uma resignação estéril. sou da opinião de que merecemos sempre o melhor que pudermos, quando esse melhor for justo. mas não ter o melhor não significa que não podemos nos sentir privilegiados, principalmente porque sempre haverá alguém para quem as coisas são sempre um pouco mais difíceis.

importa agradecer mesmo o emprego mal pago, quando há tantos vivendo o dia pelo dia, sem a perspectiva de um salário no fim do mês, por mínimo que seja.
agradecer o feijão e arroz sem carne, quando para muitos isso seria um luxo.
agradecer a água que sai da torneira.
agradecer a risada do filho.
agradecer o dia de sol.
agradecer, sobretudo, por poder agradecer.

"In everything give thanks"
1 Thessalonians 5:18


imagem: Corbis

vi esse meme por aí, mas acabei não resistindo e copiando da Denise.
o mundo seria um lugar menos divertido sem os memes.

What to Wear: preto, preto, preto. roupas de corte simples, casuais. jeans. saionas. roupas hippies. estampas indianas. overcoats.

What NOT to Wear:
estampas de tigre, onça ou qualquer outro bicho (acho breguíssimo). roupas de cores vivas. roupas que exponham muito o corpo, com muito detalhes ou com brilho (especialmente dourados).

What to Shoe: tenis. botas. sapatos boneca. all stars (forever and ever). havaianas. sandalinhas de couro. pantufas.

What to Bag: bolsas tipo carteiro. bolsas de lona. bolsas de artesanato, crochê. e ultimamente aderi às tote bags, que vão bem com tudo e são muito simples e práticas.

What to Denim: gosto de qualquer tipo de jeans (com excessão dos muito clarinhos). mas quando mais gasto, melhor. amo jaquetas jeans também, mas tem que ser tudo bem básico. não curti o skinny jeans, e acho que a moda não perdura por muito tempo. é meio irreal, acho. prefiro as calças com boca mais larguinha.

What to Makeup: pó, corretivo para as olheiras, batom cor de boca, lápis preto. e só.

What to Accessory: artesanato, principlamente contas. anéis enormes. brincos minúsculos, argolinhas. quinquilharias de plástico. coisinhas prá usar no cabelo, tipo pregadeirazinhas, elásticos coloridos. bandanas, lenços, cachecóis e chapéus.

What to Jewelry: nothing. jóias são coisas muito distantes de mim. usaria, no máximo, pedras semi preciosas.

What to Fragrance: gosto de perfumes masculinos, ou coisas com cheiro de mato, terra.

What to Hair: shampoo e condicionador Garnier Fructis (Sleek & Shine). prá diminuir o volume e evitar ondas.

What to Eat: comida oriental.

What to Drink: Guiness, New Castle, Xingu, Negra Modelo, Blackened Voodoo. frozen margaritas.

What to Bargain: nada, não tenho jeito prá essas coisas. se não puder pagar nem chego perto.

What to e-Bay: nada, por enquanto.

What to Tee: blusinhas de malha basicas, brancas, pretas ou vermelhas. camisetas de banda.

What to See: Tim Burton e Shyamalan.

What to TV: bobagens e desenho animado.

What to Listen: Dead Can Dance, sempre. perfeição em forma de música, simplesmente todos os estilos que eu mais adoro numa banda só.

What to Read: espiritismo e astrologia.

What to Move: dancei jazz, balé clássico e moderno por 4 anos, e foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. hoje danço de forma livre, prá mim mesma, quando ninguém está olhando, e estou aprendendo yoga de forma autodidata. quero fazer dança-do-ventre.

tudo bem, eu confesso: não fui muito feliz quando escrevi, ali embaixo, que cargos políticos deveriam exigir curso superior. afinal, quantos diplomados a gente não vê por aí que são completamente ignorantes nas coisas do coração?

liguem não, isso é mal de professora. às vezes não sei se estou errada ou certa em achar que educação é fundamental, um direito de todo mundo, e quanto mais, melhor. de tanto que leio o pessoal falando por aí que é elitista achar que todo mundo deveria ser educado e esclarecido, acabei me achando meio metida a besta.

mas continuo não gostando de paternalismo. coisas do tipo "coitadinho, não estudou porque é pobre" ou "ele rouba porque a sociedade não lhe deu condições". eu acredito que não existem privilegiados, existem aqueles que suam mais, que sonham mais, que trabalham mais. que tudo vale a pena se a alma não é pequena.

e, apesar dos pesares, confesso que senti um alívio com a vitória do Lula. afinal, nunca pensei que fosse viver prá ver a dívida do Brasil com o FMI paga.



quase aplaudi de pé ao assistir isso pela primeira vez. e a Dove continua de parabéns.

no domingo passado comemorou-se o dia dos professores. que era respeitosamente chamado de "Dia do Mestre", na minha época. diziam que a professora era como uma segunda mãe, e lhe devíamos respeito. eu costumava respeitar profundamente todos os meus professores, admirava-os, invejava-os sempre que os via reunidos, na hora do intervalo, na tal "sala dos professores", como deuses de algum olimpo. anos depois, em meu primeiro dia como professora de verdade, senti um orgulho imenso de estar numa daquelas (mesmo descobrindo quase que imediatamente que de olimpo a sala não tinha nada).

neste último dia dos professores, encontrei uma reportagem no Dia online (não consegui encontrá-la novamente para por o link aqui, sorry) que me deixou estarrecida. dizia mais ou menos que, no mês passado, cerca de 10 mil professores da rede pública do Rio de Janeiro pediram licença de seus empregos. mais de 50% alegou precisar de tratamento contra ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

os professores sentem-se acuados e desprotegidos quando saem para lecionar. a violência já atingiu as salas de aulas. alunos agridem os professores, fazem ameaças. eles não tem mais como exercer sua autoridade sobre a classe, o que os impede de realizar seu trabalho. ao invés de "mestres", são vistos como um nada. estão a mercê do medo de que algum aluno os surpreenda num dia qualquer, na hora da saída, com um fuzil em punho. ou de que uma aluna insatisfeita com o fato de precisar calar durante a aula (como realmente aconteceu) os atire um livro nas costas e os puxe os cabelos como um bicho.

quando tomei a decisão de me tornar professora, o fiz por um profundo amor e desejo de compartilhar conhecimento, de colaborar de forma efetiva para o mundo bom que eu acredito. eu não acredito em trabalho sem o ideal em prol de algo maior que nós mesmos. e que profissional tem maior chance de realizar isso do que o educador? no pouco tempo em que consegui atuar no sistema educacional formal, em escola particular, compreendi que era preciso muito mais que idealismo. estamos todos cercados por uma ideologia estúpida de consumismo e ilusionismo, onde o mercantilismo dita as regras, e se você não dança conforme a música acaba perdendo seu espaço, e perder espaço num país como o Brasil é luxo que poucos podem se dar. nem como professor você está livre do tal sistema. os tempos de "mestre" se foram. você aprende rápido que os alunos, ou aqueles que pagam o seu salário, "mandam". deparei com turmas completamente despreparadas as quais eu não podia avaliar segundo os meus critérios, porque a política da escola, que queria ser "moderna", era de jamais baixar a média de um aluno. era com os dentes trincados que eu lançava setes (média mínima) no quadro de notas após nomes de alunos que sequer traziam um lápis para a sala de aula. o que se ensina a alguém com critérios tão frouxos, pergunte a eles. prá mim, isso apenas reforça o conceito da lei do menor esforço, uma das coisas que mais atravanca o progresso social no Brasil... eu me sentia uma traidora do que eu acreditava. digam-me se isso também não é uma violência. é de uma frustração descomunal ver que o sistema contra o qual você luta está representado justamente por um dos pilares da sociedade - a escola.

mesmo atrasado, meu Feliz Dia do Mestre para todos aqueles que têm remado contra a maré, com a coragem suficiente de quebrar barreiras e transformar.

o site Absoluta publicou um texto meu sobre gravidez. só seguir por conteúdo > cura > nossos amores > nossas crias. breve devo estar lá também falando um pouco sobre meu trabalho artístico.

o site é dedicado ao feminino primordial, e tem artigos interessantíssimos, abordando de saúde à espiritualidade, mostrando o universo feminino de uma forma holística, muito diferente de outros sites ou publicações. ou seja, nada de dicas de maquiagem, dietas milagrosas ou de como se tornar mais sedutora ou provocante. é um site lindo, de grande sensibilidade, sobre ser mulher de uma forma pura e plena. altamente recomendável.

a primeira vez que votei na vida foi na primeira eleição direta prá presidente do Brasil. eu devia ter uns 18 anos. lembro-me que anulei meu voto com um um redondo "A" de anarquia, aquele famoso. não sabia bem o que era anarquia, nem tampouco tinha muita idéia de que estava abrindo mão de um direito conquistado a duras penas. fui votar porque assim ordenava o Estado. era a democracia, diziam.

o tempo passou, outras eleições vieram, e o que antes não passava de uma grande maçada passou aos poucos a ser tarefa séria, pensada, debatida e, porque não dizer, tinha até seus momentos de diversão. o horário eleitoral gratuito passou a ser um must das minhas noites, não só para análise dos candidatos, como também para entretenimento - vá lá, poucas coisas são tão bizarras e engraçadas na tv hoje em dia. o ritual de ir às urnas era cumprido com respeito, apesar dos muitos minutos a pé sob o sol escaldante da primavera da Baixada Fluminense. com tanto respeito que me sentia realmente ofendida quando a multidão que se aglomerava nas ruas me cercava para oferecer "santinhos". "a senhora já tem candidato?" - a pergunta me fazia ferver o sangue, reduzia-me à massa dos que votavam por obrigação, que muitas vezes escolhe candidato à boca da urna prá se livrar do "dever democrático" e ir tomar suas skols depois. apesar de ter encarado tudo como tarefa séria, pensada, debatida, a sensação pós-votação era sempre de anti-clímax. era como ter participado de uma farsa. não tinha graça nenhuma.

este foi o primeiro ano em que não votei prá presidente do Brasil. tenho acompanhado, do jeito que dá, a movimentação eleitoral pela tela do computador, através dos jornais onlines e blogs. sei mais ou menos em que pé as coisas estão, sei do desalento de um grupo que mais uma vez vê a massa faminta e ignorante decidir por todos. e também de um outro grupo que acha que o PT no poder trouxe à tona preconceitos da época da colônia que rezam que operários não podem governar.

eu acho que cargos políticos são tão sérios que não deveriam ser dados a quem não tem no mínimo um curso superior. do mesmo jeito que prá ser médico, advogado ou professor é preciso estudo - afinal, todos lidam com gente, e gente é coisa séria. não pelo título, mas pela vivência que os bancos universitários proporcionam, pela abertura de racocínio a qual eles te impelem. elistista? não acho. a menos que você considere que universidade é só prá ricos. uma das minhas broncas com o Lula não é o fato de ele ter sido um operário, pois eu também nunca fui rica e nem ao menos classe média. é o fato de ele ter tido tantas oportunidades de enriquecer-se como ser humano através do estudo e não tê-lo feito. belo exemplo prá população que o elegeu.

no mais, continua tudo na mesma. claro que tivemos umas mudancinhas, mas elas vieram a passo de tartaruga. as cabeças pensantes ainda são uma minoria, quem elege nossos representantes é, sim, o povo que não pode compreender que há muito mais além de uma refeição a um real ou de uma bolsa-família, porque os estômagos continuam roncando e os filhos continuam chorando de fome apesar de tantas décadas de promessas. é preciso que seja assim, para manter as mesmas elites no poder. e quem não é elite quer ser, quem nunca comeu melado quando come se lambuza, e taí o PT que não nega a sabedoria popular. outros elegem Clodovis e, apesar do passado, Malufs e Collors. eu reafirmo cada vez mais a minha teoria de que os governos são reflexos de quem os elege, logo, se quisermos mudanças de verdade, precisamos começar a mudar a nós mesmos. esse é a nossa grande tarefa para o momento. ou será que você, que reclama do governo, passaria incólume a uma oferta de 30 milhões para votar a favor dele?



acabo de assistir a um belíssimo e extremamente bem feito documentário sobre o Andy Warhol, importante artista plástico da segunda metade do século 20 e maior expoente da pop art. quase impossível não se ter ouvido falar de Warhol ou ao menos não se ter qualquer memória de seus trabalhos mais famosos. o Warhol foi um artista tão genial que, dentre outras coisas, conseguiu fazer com que olhássemos com outros olhos para coisas absurdamente comuns. eu por exemplo, pelo menos aqui nos EUA, não consigo ir ao supermercado, passar pela seção de sopas e não olhar para as latinhas da Campbell´s como se estivesse perambulando por uma galeria.

geralmente não sou uma grande fã da produção de arte feita depois da década de 20-30; sinto-me mais atraída mesmo é pelo artistas e por suas vidas, muitas vezes atribuladas, mas fascinantes. e o Andy foi uma dessas figuras, pessoa de um mundo interior absurdamente complexo e, claro, uma dificuldade terrível em lidar com tudo isso. acabo de dar uma espiadinha no mapa astral dele e descobri que, apesar de ser ter sido visto como uma pessoa doce e fragilizada, de frágil não tinha muita coisa, a julgar por uma ousada Lua em Áries, ascendente e 4 quatro planetas (entre eles o Sol) em Leão. ou seja, muita determinação, coragem e força. e muita, muita vontade de brilhar. de fato, ele deixou sua terra natal rumo à New York com apenas 200 dólares no bolso e um portfolio embaixo do braço, obcecado com a fama - e ela fatalmente veio.

acabei me identificando em vários pontos com o Andy. ele começou a carreira como artista gráfico e, com o tempo, muita vontade de se tornar um artista "não comercial", de buscar caminhos novos. eu sempre trabalhei com desenho, papel, lápis. gosto de ilustração, artes gráficas, arte aplicada; não ligo a mínima que algumas pessoas considerem "arte menor", para mim esse conceito não existe. mas não nego que tenho uma vontade imensa de me aventurar em outras mídias. mais propriamente a pintura (instalação e escultura não me dão prazer, apesar de eu ter me saído bem em algumas tentativas). o problema todo é o vazio criativo, o ponto de interrogação: pintar o quê? o que é que ainda não foi feito, explorado, experimentado? que possibilidades em pintura tem um artista do século 21, a não ser reciclar tudo o que já foi pensado por outros artistas e acabar soando "derivativo"?

um artista que me emociona muito e que conheci a pouco tempo atrás, o Alex Grey, tem um conceito bastante similar ao que eu acredito estar mais próximo de algo ainda pouco explorado em arte, porque ainda incompreendido - o conceito de arte "espiritual". eu acredito que essa seja uma tendência não só na arte, mas em vários outros campos do conhecimento humano. a revelação de uma realidade além do que é percebido pelos cinco sentidos, a preocupação não mais com simples idéias, mas com algo mais transcedental e sublime. acho que essa é porta que se abre no que parece ser um vazio de possibilidades, uma porta que poucos ainda conseguem enxergar. o "além do limite". antes da fotografia, pintava-se o mundo visível; depois, o mundo das idéias; agora á hora de transcender. e esse é o que igualmente sinto ser o meu compromisso como artista.

aqui, uma pintura do Grey (escolhida em minha homenagem, claro). tem uma visceralidade, uma coisa que pode ser até mesmo perturbadora para alguns, mas que é ao mesmo tempo de um forte lirismo e uma capacidade visionária surpreendente.

coisas

coisas que me assustam:
tempestades com vento. peixes, bichos que vivem no mar em geral. religiosos fundamentalistas (ocidentais também). coisas que rastejam. cores fluorescentes. góticos.

pessoas que me fazem rir:

meu marido. meu irmão. o Luciano e o Sandro. meu professor de história da arte da faculdade (in memoriam). góticos. hypes. eu mesma.

coisas que eu mais odeio:
dogmas. repressão. falta de educação. comportamentos manipulativos. "coitadinhos". televisão em volume alto. intromissão. especulações.

coisas que eu não compreendo:
certas crenças religiosas. porquê caímos nas armadilhas dos comportamentos aprisionadores. piadas. Schopenhauer. porquê não podemos ter dois sexos. porquê as pessoas acham que corpos nus são ofensivos.

coisas que eu estou fazendo agora:
secando roupa. montando o layout de mais um blog. tirando a mesa do almoço. ilustrando umas historinhas que meu marido escreveu. terminando uma ilustração. esperando um bebê.

coisas que quero fazer antes de morrer:
criar minha filha. peregrinar pela Europa de mochila nas costas. aprender mais uma língua. estudar algo ligado à psicologia. montar uma escola. aprender violão. ter um studio.

coisas que sei fazer:
desenhar. dançar. representar. algum artesanato. trabalhar com papel. nadar. escrever poesia. mapa astral. aplicar injeção. montar a cavalo.

coisas que não sei fazer:
cozinhar bem. assoviar. dirigir. tocar instrumentos musicais. passar e dobrar roupas.

formas de descrever minha personalidade:
otimista. cínica. realista. idealista. teimosa. rebelde. volúvel. bem humorada. atrapalhada. tímida em grupos e com pessoas que não conheço bem.

coisas que eu acho que você deveria ouvir:
você mesmo. Chopin e Debussy ao acordar e ao pôr do sol.

coisas que você nunca deveria ouvir:
propagandas. qualquer pessoa ou mensagem que te diga que você não é capaz de algo, ou que você deveria seguir esse ou aquele caminho, ou que você está velho/gordo/fora de moda, ou que você não é ninguém se não tiver o celular X.

coisas que eu gostaria de aprender:
tocar violão. falar francês. fazer pães. marcenaria. pintar a óleo ou acrílica. tricô. serigrafia. montagem e manutenção de computadores. cantar bem.

comidas favoritas:
sushi + sashimi. cheesecake. a lasanha da minha mãe. pizza. sorvete. torta de limão. queijo. chocolate. goiabada cascão. nozes, avelãs, qualquer tipo de fruta seca. pêssegos com creme de leite. melancia. acarajé. broa de milho. bolo de aipim. coisas salgadas e doces ao mesmo tempo. coisas que eu não tenha que cozinhar.

bebidas que tomo regularmente:
água. leite. suco de laranja. chás diversos. cerveja (embora temporariamente abstêmia).

programas que eu assistia quando criança:
O Elo Perdido. O Pica-pau. Tom & Jerry. Vila Sésamo. Sítio do Picapau Amarelo. Cosmos (a série do Carl Sagan). Mundo Animal. Globinho.



recebi ontem cinco emails do Art Wanted, galeria online onde exponho alguns trabalhos. cada um referente a uma peça minha que eles havia acabado de banir de lá. motivo: os peitinhos nus das moçoilas que aparecem em minhas ilustrações.

achei graça. se ainda fosse um site onde adolescentes e crianças fossem o público alvo, eu até entenderia. mas... um site de arte? não escrevi contestando a decisão, porém. na casa dos outros a gente tem mais é que acatar as regras e fechar o bico. mas é uma pena saber que os renascentistas e vitorianos, por exemplo, estariam banidos do Art Wanted.

confesso que não entendo mesmo essa coisa toda em torno de corpos nus. não entendo como uma coisa natural pode ser tão ofensiva. o que essa gente faz quando se vê pelada no espelho? tapa os olhos? pede perdão a Deus? até posso compreender quem não tem tanto problema assim com nudez, mas acha que deve ser algo reservado apenas para a própria intimidade. pensando com cuidado sobre o assunto, descobri que não é tão fácil assim de ser destrinchado e toca uma série de questões culturais. no geral, as pessoas tem um problema terrível em lidar com o próprio corpo e apenas estão refletindo sua herança cultural cristã, que ensina que o corpo é instrumento do pecado. mesmo assim, continuo achando praticamente inadmissível que pessoas que lidem com arte permaneçam tolhidas em tais conceitos. arte é instrumento de libertação e revelação, e quem não está disposto ou preparado não deve se aventurar sob pena de não ser jamais o mesmo. quem sabe é justamente isso o que assusta tanto.

"No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco"

Mario Quintana


ando tentando atualizar isso aqui a dias, e falhando miseravelmente. assunto para falar às vezes não falta, o problema é a procrastinação. umas das minhas doenças crônicas, diga-se de passagem.

mas como a vários dias o assunto "Plutão" tem rendido, principalmente nos círculos astrológicos, do qual eu faço parte de forma velada, melhor escrever sobre antes que esgote e vire assunto velho.

prá começo de conversa, é necessário dizer que os mapas astrais por aí continuarão os mesmos, cada qual com seus devidos Plutões. não são algumas dúzias de cientistas que determinam como a astrologia funciona, pobres deles. primeiro que a astrologia trabalha com símbolos, arquétipos, não com as tais "influências" planetárias. é algo mais transcendente. Plutão não sumiu do sistema, ele continua lá firme e forte, já se foram décadas de estudo e observação de seus sinais no nosso comportamento aqui embaixo.

e depois, Sol e Lua não são planetas, mas são usados em astrologia e têm uma força enorme. mais fraquinhos, mas também usados por muitos astrólogos, são alguns asteróides, dentre os quais Quíron é o mais célebre. não os uso por achar que ainda não foram suficiente estudados, mas deve fazer sentido prá quem usa. afinal, astrologia não é receita de bolo; apesar de ter sua técnica, tem muito de arte, e cada um usa os instrumentos que melhor lhe convém.

enquanto tivermos infernos, porões escuros e sombras na alma, Plutão estará lá. enquanto tivermos medos inconfessos e tesouros enterrados, desejo de poder e pulsão de morte. enquanto houver transmutação, enquanto precisarmos de grandes perdas para nos descobrirmos um pouco mais seres humanos. tudo isso é meio assustador, mas é parte do que somos. não pode haver crescimento interior enquanto banirmos nossos Plutões particulares de nosso microcosmo, ou fingirmos que ele não está mais lá, que é só um planeta-anão e perdeu a importância.

eu paricularmente, sou uma grande fã de Plutão. vivo inteiramente a minha lua escorpiana, com todos os tormentos e poderes que ela me traz, e tenho uma capacidade de regeneração que apenas o deus das profundezas poderia me presentear. engraçado que às vezes só me dou conta disso quando ouço alguém elogiar minha coragem em fazer certas coisas, ou sobreviver a certas coisas. fácil não é, mas talvez a consciência do quanto é necessário morrer de vez em quando me impulsione. que Plutão seja louvado.

hoje pela manhã, recebi dois emails do Orkut com o mesmo conteúdo. tratava-se de um email redigido pelo dono da grife Totem, a respeito de um assalto sofrido por ele na avenida Brasil, assim que acabara de deixar o aeroporto do Galeão. fiquei chocada com o email, e pensei tratar-se de um hoax. descobri que não era, ao visitar o blog No Front do Rio, do jornal O Globo. o email estava lá. e com ele, a pavorosa informação de que são mais de 80 veículos roubados na Linha Vermelha naquela mesma área, todos os dias. e que os policiais que patrulham a área nada podem fazer, por causa da precariedade em que trabalham. "Somos apenas fantoches."

tremo quando penso que, amanhã, pode ser meu taxi, ou o carro de algum familiar, me levando prá casa após meu desembarque. e com minha filha dentro. moro há mais de um ano fora do Brasil, depois de 34 vivendo na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. dizem que existe violência em todos os lugares. concordo. mas existem contextos e contextos. sente-se isso na pele. a primeira coisa que me surpreendeu aqui foi a tranquilidade em se caminhar pela rua, em se trafegar numa auto estrada, a porta dos fundos da casa aberta até tarde. as casas não têm muros. o carro do meu marido fica com o porta malas aberto, no quintal. coisas que eu já tinha esquecido serem possíveis, e que não tinha me dado conta de como eram valiosas. pode acontecer de invadirem a casa, de roubarem o carro. mas nós sabemos que a pessoa que fizer isso será pega rapidamente, e punida como se deve. esta é a diferença.

em Washington DC deve entrar em vigor, até o fim desse mês, uma lei que impede que menores de 17 anos, desacompanhados dos pais, fiquem pelas ruas após as dez da noite. o famigerado "toque de recolher". a lei foi criada graças ao envolvimento cada vez maior de menores de idade em crimes. muitos acham a lei questionável, por ferir o direito de ir e vir. minha opinião é de que liberdade e responsabilidade são inseparáveis. se vai fazer bobagem ao ficar solto por aí, melhor que mãos severas o contenham. problemas graves exigem medidas duras. é isso o que não existe no Brasil. eu sempre achei que existisse conivência do governo com o crime, com o tráfico de drogas. ou como se explica a sucessão de absurdos que desfilam diante de nossos olhos, todos os dias, sem que nada se faça, nenhuma medida, governantes que não se justificam diante de quem lhes paga os salários (aliás, o Rio de Janeiro ainda tem "governo"? seria de decência mínima que se retratassem diante do povo português a respeito do assassinato do turista de 19 anos.)

quando digo, por aqui, que sou brasileira, do Rio de Janeiro, as pessoas abrem um sorriso largo. é incrível como, mesmo com todas as notícias horripilantes de violência e injustiças que chegam aqui, as pessoas mantêm sua simpatia pelo Brasil. mas quando manifestam sua vontade de visitar o Rio, mesmo com alguma vergonha, desencorajo veementemente. quem sabe não estarei compactuando com a próxima desgraça.


e ontem fui Top Ten do Art Wanted pela terceira vez. :))

a imagem responsável é o work-in-progress aí de baixo, The Divine in Me, que saiu do forno no último domingo.

eu não vou votar prá presidente esse ano, graças às dificuldades geográficas e burocráticas que as embaixadas brasileiras impõem a quem deviam facilitar a vida em terra estrangeira. não tenho condições financeiras nem físicas (graças à gravidez) de pegar um avião (quantas vezes? duas? três?) e rumar para Washington, onde fica a embaixada da jurisdição onde moro, para assinar papéis e assim poder cumprir com meus deveres de cidadã. eu gosto de votar, gosto de participar dos rumos do meu país, mas sinceramente desta vez não estou lamentando muito o fato de não poder comparecer às urnas. as notícias que leio todos os dias nos jornais online não são nada animadoras; nenhum candidato entusiasma, consegue atrair a atenção, todos têm a mesma aura de "já vi esse filme antes". mesmo longe, consigo perceber uma certa atmosfera de desalento e desânimo pairando sobre o povo brasileiro, o que pode ser desastroso. ninguém acredita mais em políticos, classe já estereotipada, caricatural, e seu circo tragicômico. então é isso: materializou-se o sonho carnavalesco e o Brasil virou uma grande pantomima, com seus Arlecchinos e Pantaleones e histórias já tão gastas que doem, e não há coragem para tranformar o desalento em revolta.

e antes que eu me esqueça, sou a favor do voto nulo. não acho que há mais tempo de votar no "menos pior" (a quantos mandatos temos feito isso?). há que haver uma hora de protestar.

the divine in me - copyright 2006 Patricia Ariel

work in progress. sem muita nitidez, porém.

desde pequena, sou apaixonada por palavras, as impressas e as invisíveis. aprendi a ler, escrever e falar muito cedo, segundo a minha mãe. falava pelos cotovelos. lia tudo o que me caía nas mãos, e enchia cadernos e mais cadernos de histórias fantásticas e desenhos a lápis de cor. na escola já não falava tanto, por causa da timidez e da insegurança, mas os escritos contiuaram e as leituras também. eu adorava tudo o que a maioria dos alunos odiava: a aula de redação e os livrinhos obrigatórios, sobre os quais teríamos que fazer provas depois. li clássicos quando ainda era criança, mesmo sem entender como devia. Shakespeare era meu favorito aos treze anos - idade em que li e reli Hamlet com uma voracidade sem precedentes.

o tempo passou e eu fui descobrindo outros meios para as palavras. aprendi a usá-las no silêncio de gestos teatrais e de passos de dança, em forma de notas de música e de olhares. aprendi a controlar minha curiosidade pelo mundo e ficando mais seletiva. aprendi a degustar livros devagar, a não ler tudo o que me vinha de encontro, a rejeitá-los depois da décima página por descobrir que não me trariam nada novo. aprendi na pele que as palavras podem ter mais poder e machucar mais que armas, e ainda deixar sequelas por anos a fio. mas que também podiam transformar, causar revoluções, curar. aprendi que elas são a chave do processo civilizatório, e que somos ainda uns néscios sem consciência de seu melhor uso.

a liberdade que temos hoje de usar as palavras e difundi-las é um milagre que apenas este nosso século maluco nos podia trazer. é certo, vivemos empanturrados de palavras para o bem e para o mal; mas temos ampla liberdade de escolha. mesmo com tantas bobagens lidas no dia-a-dia, mesmo com orkuts e spams, acho que tem valido a pena.

palavras são infinitas.

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