devo confessar que Ignis Aeris não é o meu trabalho favorito. gosto da composição, das abstrações, do movimento das figuras, e sinceramente não sei o que poderia ter feito diferente. acho que faltou mais leveza, na verdade. Ar e Fogo são etéreos, incorpóreos. mas minha concepção se ateve talvez ao aspecto mais primal, mais de "origens". o que não deixa de ser uma leitura interessante também.

é muito comum, e quem trabalha com arte sabe disso, que muitas vezes a gente comece um trabalho com uma idéia na cabeça, e durante o processo a coisa tome um rumo totalmente inusitado, como se tivesse vida própria. eu atribuo isso ao que eu acredito ser a nossa capacidade de canalização de algo que já está mais ou menos "plasmado" em outro plano. quando eu era mais jovem e planejava escrever (ainda planejo, embora tenha que esperar um pouco mais agora), era meio comum que eu lesse em algum livro ou visse em algum filme cenas ou situações muito similares a outras que já havia criado. "caramba, roubaram a minha idéia!", eu dizia, e olha que as situações nem eram assim tão cliché. mais tarde descobri que, quando você cria e põe em prática, você põe seu pensamento com tanta força na sua idéia que a acaba moldando em outro plano - o astral, no caso. o plano astral é aquele que está imediatamente próximo ao nosso, e que comparado com o físico é levíssimo, etéreo, mas na verdade é ainda bem denso. é povoado por uma população bem peculiar: espíritos desencarnados que estão tão materializados que não conseguem ir para planos mais altos, espíritos elementais (isso mesmo, as famosas fadas, elfos, gnomos, ondinas e companhia), espíritos de animais, e toda espécie de formas-pensamento que você possa imaginar. formas-pensamento são formas plasmadas em matéria quintessenciada no plano astral, pelo pensamento de desencarnados e encarnados como a gente, incluindo criações de artistas. parece louco, mas tá cheio de personagens de livros e filmes no plano astral, imagens alimentadas não apenas pelos artistas que as criaram, como pelas pessoas que os cultuam. enfim, sei que é um assunto fascinante, mas não vou me alongar muito na questão do plano astral e do que acontece por lá, só queria mesmo falar um pouco de como ocorre esse processo de "canalização artística".

a quase uns 3 anos atrás eu criei uma ilustração chamada O Divino em Mim (The Divine in Me) O Divino em Mim, Patricia Arielque fala exatamente disso, do criar e de como ele te aproxima de Deus. como somos todos deuses em potencial, somos todos criadores. a imagem mostra um jardim de girassóis num plano etéreo, e mais abaixo, uma figura "recebendo" um dos girassóis no plano abaixo, que agora tem as cores da realidade física. nada mais do que o próprio processo artístico, em que se colhe as "flores" de um jardim situado numa outra realidade, fazendo-as se manifestar no nosso plano em forma de pintura, poesia, canção ou qualquer que seja o nosso instrumental. é por isso que o artista é um eterno insatisfeito; como a dimensão física é muito limitada, é praticamente impossível se materializar o que se vê tão rica e nitidamente com nossa percepção interior.

eu queria mesmo era falar da pintura. mas como já estou aqui bem cansada - meu problema de coluna não tem me dado trégua nesses últimos dias - vou só mesmo postar o trabalho e depois explico.

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