ontem à noite uma mulher veio à nossa porta perguntando se não queríamos trocar um gift certificate por 20 pratas em dinheiro. ela precisava comprar algo na farmácia e só tinha o cartão, obviamente não válido em farmácia nenhuma. como raramente temos cash em casa - pagamos praticamente tudo com cartão de crédito ou débito, - não deu prá ajudar.

comentei com meu marido que a coisa estava começando a ficar meio " à brasileira" por aqui. é possível que isso se torne mais frequente daqui prá frente. pessoas vindo à sua porta pedir coisas, ou te abordando em estacionamentos, como aconteceu com minha sogra um dia desses.

as coisas aqui na América não vão indo mesmo muito bem. todos os dias ouvimos notícias de empresas reduzindo drasticamente o número de funcionários. há pessoas com até mais de 20 anos de casa ficando sem seus empregos de uma hora prá outra. e o pior, sem garantias além do seguro desemprego, já que as leis trabalhistas daqui não são nem de longe como no Brasil. fala-se até mesmo numa segunda Grande Depressão, o que não é realmente novidade prá mim, já que o povo da Constelar tinha previsto isso uns bons dois anos atrás.

meu marido se aposentou recentemente depois de mais de duas décadas de serviços prestados ao governo. a maioria das pessoas ficou perplexa, sem saber como as coisas ficariam prá gente depois da redução salarial da aposentadoria, já que o salário dele mesmo integral não era lá essa maravilha e eu não contribuo significativamente para a renda da casa. além disso, ainda temos criança prá cuidar. podemos mesmo ter que abrir mão de certos luxinhos, mas eu dou graças a Deus todos os dias pela segurança de poder pagar as contas, fazer compras e pagar o seguro saúde. pensar que não iremos perder isso nunca mesmo com a crise braba que está ai é reconfortante.

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o sistema de saúde americano, engendrado pelo coisa ruim, também é algo que precisa urgentemente de ajustes . para quem não sabe, os EUA é um dos únicos países do mundo que não possuem serviço público de saúde. se você for muito pobre, você tem direito ao Medicaid, que é uma espécie de plano de saúde do governo. até aí tudo bem. o problema todo é se você não for assim tão pobre mas também não tão "remediado" a ponto de ter condições de pagar o seu seguro de saúde privado. então, querido, é pedir a Deus para não ficar doente, porque se tiver o azar de ir parar num hospital ou clínica para uma dorzinha de barriga que seja, espere receber em sua casa sem demora uma conta que poderá fazer você vender a alma ao capiroto para não ficar encrencado. e se você pensa que mesmo tendo seguro de saúde privado vai ficar livre de tirar dinheiro do bolso, engana-se. geralmente o seguro cobre só uma porcentagem dos seus gastos, dependendo do seu plano. ou seja, só funciona mesmo para que você, em casos extremos, como de uma hospitalização ou cirurgia, por exemplo, não vá a colapso financeiro, já que é estabelecido um limite de dinheiro que poderá sair do seu bolso por ano.

e a injustiça não para por aí. caso você tenha uma condição pré-existente, seja diabético, ou tenha algum problema crônico brabo, esqueça. você tem sérias chances de não se qualificar para plano nenhum. ou seja, vai ter que vender a alma mesmo. ou se mudar para um país onde o seu direito básico de assistência médica seja assegurado. ou esperar a morte chegar. e eu juro que não estou exagerando.

Mr. Barack Obama tem mesmo muito o que fazer por aqui. e eu não acredito que ele vá fazer milagres, não, pois há interesses de muito cachorro grande em jogo, e como são eles que mandam na América, sei não. é esperar prá ver.

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