é curioso, e, dependendo da pessoa, decepcionante constatar como, numa relação interpessoal, a maioria das pessoas vê a outra apenas como um par de ouvidos ambulante. em cada dez pessoas que você conhece, entre amigos e familiares, com sorte você encontra umas duas pessoas que estão realmente interessadas no que você tem prá contar. às vezes nem isso. 


desde que saí do Brasil, dentre o mundão de gente que conheço, apenas umas 3 ou 4 pessoas (e não estou exagerando!) se interessaram em saber da vida por aqui, o que eu faço, como eu me sinto vivendo em terra estrangeira, como foi o processo de adaptação, etc. e olha que, na minha opinião, essas são coisas interessantes de se saber. se eu tivesse um amigo no exterior eu simplesmente amaria saber sobre a vida dele e sobre o país novo. mas as pessoas estão apenas interessadas em me fazer saber delas mesmas. a maioria vive a mesma vida de sempre, algumas com os mesmos problemas de séculos. e é assim que nossa amizade (?) se sustenta. conto nos dedos aqueles com quem realmente posso ter uma relação de troca real.

não que eu não goste de saber o que acontece na vida das pessoas em geral, muito pelo contrário. eu gosto de emprestar meus ouvidos a quem quer que seja, oferecer uma palavra boa na hora da lágrima, rir junto, felicitar pelos triunfos. além de tudo, eu sou uma observadora da vida e um dos meus ofícios é justamente o de ver como elas se comportam, suas experiências, seu aprendizado. eu aprendo muito com as pessoas - nem que seja apenas a como jamais me comportar... mas às vezes me aborrece um pouco em vê-las sempre gravitando em torno de seus próprios umbigos.

mas graças àquelas 3 ou 4 pessoas (que valem por cem) que, tenham os problemas que tiverem, estão genuinamente interessadas no que a vida traz também prá mim, não me sinto realmente só. 

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